“Climate Revolution” (Revolução Climática) foi o lema escrito numa imensa faixa no desfile da coleção Primavera/Verão 2013 da estilista inglesa Vivienne Westowood, que aconteceu em Londres, nos idos de setembro do ano passado.
A estilista é mundialmente conhecida por utilizar a moda como esfera de questionamento social e por alçar o movimento punk – ela conhecida como “a mãe do punk” – às principais passarelas do globo, vestindo, inclusive, a banda Sex Pistols, no passado. Seguindo a dinâmica punk de recusar paradigmas, o que se tornou sua filosofia de criação, ela trata com irreverência temas como feminismo, sexualidade, nacionalidade e política. Alia os polêmicos assuntos aos minuciosos estudos das técnicas de confecção, que a fez concluir que a relação com o tecido afeta a percepção que se tem de si e do mundo.
Sua principal inspiração foi Coco Chanel. Westwood declarou, certa vez: “Chanel, provavelmente, desenhava pela mesma razão que eu: uma certa perversidade e irritação com as maneiras ortodoxas de pensar (LOVINSKI, 2010, p. 142). Outras influências, porém, podem ser observadas, como o vestuário masculino como metáfora de dominação, as estéticas dos séculos XVI ao XIX e os drapeados de Madeleine Vionnet.
O resultado? “Quadris redondos, uso de cintas, sapatos de plataforma… As referências de Westwood ao século XVIII francês, às cortesãs, ao marquês de Sade, perturbam a ordem (…) com um permanente e salutar apelo à desordem” (BAUDOT, 2002, p.330). Mas esse espírito provocador tornou-se uma referência identitária na Inglaterra, a ponto da estilista ser nomeada oficial do império britânico pela rainha Elizabeth II. Anos antes, tinha parodiado Margaret Thatcher na capa da revista Tatler.
Sua moda influenciou grandes estilistas como Galliano, Gareth Pugh, Jean Paul Gaultier e Alexander McQueen, sobretudo nas posturas críticas em relação ao mundo da moda e a temática erótica, tratada com humor e apresentada com rica teatralidade.
Agora o tema é a sustentabilidade, o que a fez, ao final do desfile, citado nas primeiras linhas desse texto, afirmar: “E você conhece minha mensagem: é comprar menos, escolher melhor, fazer durar. Melhor ainda, não compre nada. Não compre nada por décadas, até que você realmente precise” (tradução livre). E é assim, utilizando passarela como palco de protesto, entoando discursos conscientizadores e utilizando sua imagem, que ela levanta mais uma bandeira sobre o mais urgente dos assuntos, que o mundo globalizado, para não diminuir o ritmo frenético que move as engrenagens deste rentável e agressor sistema da moda, insiste em ignorar.