Marlene Almeida leva o Nordeste para Londres

A artista plástica paraibana Marlene Almeida estreou sua primeira exposição individual em Londres com inauguração ontem, dia 22/05, com a força de quem carrega o Nordeste na alma e na matéria de sua obra. Intitulada Acute Earth, a mostra ocupa a prestigiada galeria Carlos/Ishikawa e apresenta um conjunto impactante de instalações, esculturas e pinturas que são fruto de uma prática de décadas, na qual arte e ciência se entrelaçam com profundidade e sensibilidade.
Através do estudo minucioso dos solos brasileiros — suas texturas, pigmentos e propriedades — Marlene transforma o que é da terra em expressão poética e política. Seus trabalhos não apenas evidenciam a beleza natural dos diferentes territórios do país, como também lançam um olhar sensível sobre questões de pertencimento, memória e identidade cultural. É o solo como arquivo vivo, como linguagem ancestral.
Acute Earth sucede exposições recentes em Recife, João Pessoa, São Paulo e Berlim, e marca um novo momento na trajetória internacional da artista, sem jamais romper o elo com suas raízes nordestinas. Onde ela vai, Marlene leva consigo o barro, o calor e a força telúrica de sua terra natal — e os transforma em arte que toca e ressoa, em qualquer parte do mundo.
O apoio que recebeu da galeria londrina também foi ressaltado pela artista. A casa chegou a produzir um livreto que conta um pouco da trajetória de Marlene, ilustrado com uma fotografia da artista nos anos 1970, época em que já trabalhava com as cores da terra. “É muito gratificante ver meu trabalho valorizado e documentado dessa forma”, diz.
Após a temporada em Londres, as obras seguirão para Bruxelas, onde Marlene irá inaugurar outra exposição individual na próxima segunda-feira (26), na Fundação Walter e Nicole Leblanc, intitulada Terra Agônica.